Rosas Inefáveis
Ignorantes e inertes os homens seguem suas rotinas totalmente paralelos ao mundo que os cerca. Paralelos pois desvalorizam determinadas páginas da história como se estas já tivessem sido realmente viradas; como se hoje nada mais fosse fortemente influenciado pelo que um dia abalou o mundo; como se já não lhe coubesse a responsabilidade do amanhã.
Marco Chiaretti, jornalista paulistano formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo e editor-chefe de Conteúdo Digital do Grupo Estado, escreve então “A Segunda Guerra Mundial”. Obra, através da qual, Marco pôde esclarecer o que seus próprios pai, avô e tios vivenciaram: o conflito dramático que paralisou a Terra e permanece hoje como um trauma alastrado por toda a humanidade.
O livro aborda sucintamente o contexto no qual a Guerra emergiu, seus precursores e sucessores. De forma periodicamente clara e objetiva, com mapas, fotografias, quadros e asteriscos, capítulo após capítulo traz à mente tudo em que consistiu esse drama do século XX.
Como já era de se esperar uma primeira grande guerra em nível mundial não poderia ser esquecida tão facilmente. Suas conseqüências e vergonhas geradas de certo gravariam em nações o frio desejo da vingança. Fora o que aconteceu com a Alemanha. País cuja economia e reputação permaneciam dilaceradas após o primeiro grande conflito de 1914.
Já influenciado pelo pensamento anti-semita, o alemão Adolf Hitler, chanceler que se tornara chefe de Estado e líder máximo do Partido Nacional Socialista, ou Nazista, somando os ideais expansionistas à culpa da derrota agregada aos banqueiros judeus (que recusaram- se a financiar a Primeira Guerra Mundial), fortalece seu exército militar e dá o primeiro passo em direção ao iminente acerto de contas com as nações inimigas: invade a Polônia e é imediatamente atacado por França e Grã- Bretanha num ato de proteção. Nasce então, após anos de uma complexa gestação, a previsível e avassaladora Segunda Guerra Mundial em 1939.
E assim seguem os seis anos mais conturbados da história, com cada vez mais nações envolvidas, mais orgulhos feridos e um total exponencial de vítimas e óbitos.
Foram invasões, ofensivas, ataques e bombardeios. E até mesmo aqueles que aparentemente permaneceriam imparciais tornaram- se protagonistas deste pesadelo.
Como por exemplo os Estados Unidos que, com o intuito de neutralizar-se, bloquea mercado com Japão, correspondente ao Eixo. Porém, gera mais tensões. Esperando apenas um argumento para atacar o Pacífico, o Japão, também movido pelo anseio expansionista, adquire, então, um motivo para atacar (revidar) no Havaí a base naval dos EUA, Pearl Harbor, em 1941.
Logo mais o Brasil também entraria na luta, financiado e motivado pela própria nação norte- americana, com o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães, em 1942.
Ainda neste ano é registrado o maior símbolo da Guerra: o extermínio de cerca de seis milhões de judeus através do Holocausto exercido pelos nazistas num ato de racismo e incoerência.
A partir de então, a guerra que parecia não ter fim, revela seus princípios de desgaste. Em 1943, a Itália, que a todo instante manteve-se aliada ao Führer Hitler, através da liderança de Mussolini, se rende. Dois anos mais tarde seria a vez da tão temida Alemanha. E assim o conflito mantém- se por um único fio até que, após meses de treinamento, Estados Unidos concretiza seu triunfo e vingança a partir da destruição das cidades nipônicas de Hiroshima e Nagasaki por meio do lançamento de bombas atômicas em agosto de 1945.
A Segunda Guerra Mundial acaba. Com ela, sonhos, sorrisos e esperanças. E se, por algum instante, essa esperança combateu seu próprio fim, o fez em vão. Já era tarde demais.
“Pensem nas crianças. Mudas telepáticas. Pensem nas meninas. Cegas inexatas. Pensem nas mulheres. Rotas alteradas. Pensem nas feridas. Como rosas cálidas. Mas oh não se esqueçam .Da rosa da rosa. Da rosa de Hiroshima. A rosa hereditária. A rosa radioativa. Estúpida e inválida. A rosa com cirrose. A anti-rosa atômica. Sem cor sem perfume. Sem rosa sem nada” ( A Rosa de Hiroshima – Vinícius de Moraes)
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